sábado, 27 de novembro de 2010

Conversões Superficiais, Religião Superficial

C.H. Spurgeon



Embora eu me regozije com conversões súbitas, eu tenho sérias suspeitas quanto a essas pessoas repentinamente felizes que nunca parecem ter se entristecido com o próprio pecado. Receio que esses que vêm tão facilmente à sua religião que freqüentemente a perdem completamente com a mesma facilidade. Saulo de Tarso foi convertido subitamente, mas nenhum homem já passou por maior horror de escuridão do que ele, antes que Ananias viesse a ele com palavras de conforto.

Eu gosto do arado profundo.

A raspagem superficial do solo é trabalho pobre. O corte profundo da terra sob a superfície é grandemente necessário. Afinal de contas, os cristãos mais duradouros parecem ser aqueles que viram que o mal interior que neles há é profundo e repugnante, e depois de algum tempo foram levados a ver a glória da mão curativa do Senhor Jesus conforme Ele a estende no Evangelho.

"Para pôr tudo em uma palavra,uma ausência do Espírito Santo é a grande causa da instabilidade religiosa."

Receio que em muito da religião moderna há uma carência de profundidade em todos os pontos. Eles não tremem profundamente nem se regozijam grandemente. Eles não se desesperam muito, nem acreditam muito. Oh, cuidado com um verniz piedoso! Proteja-se da religião que consiste em colocar uma fina camada de piedade sobre uma pesada massa de carnalidade. Nós precisamos de uma obra contínua no interior. A graça que alcança o centro e afeta o espírito mais interior é a única graça que vale a pena ter.

Para pôr tudo em uma palavra, uma ausência do Espírito Santo é a grande causa da instabilidade religiosa. Cuidado para não confundir excitação com o Espírito Santo ou as suas próprias resoluções com os profundos mecanismos do Espírito de Deus na alma. Tudo aquilo que a natureza pinta, Deus queimará com ferro quente. Qualquer coisa que a natureza põe em funcionamento, Ele fará parar e jogará fora com os trapos. Você precisa nascer de cima, você precisa ter uma nova natureza forjada em você pelo dedo do próprio Deus, já que de todos os seus santos está escrito, "Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus."

Oh, mas, em todos os lugares eu temo que haja uma ausência do Espírito Santo! Há muita coisa vindo de uma moralidade espalhafatosa, superficial, muitos clamores de "Paz, Paz" onde não há nenhuma paz; e muito pouca ansiedade profunda advinda de um exame do coração para ser completamente purificado do pecado. Verdades bem conhecidas e facilmente lembradas são cridas sem serem acompanhadas da devida uma impressão do peso delas; esperanças sem consistência e confianças infundadas são formadas e é isso que faz com que os enganadores sejam tão abundantes e os espetáculos carnais tão comuns.

Fonte: [ Bom Caminho ]


Via: [ Não abro mão da Graça ]


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terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia".

Por Geremias do Couto


Ah, se todos nós, que somos considerados líderes, tirássemos as nossas máscaras e vivêssemos o discipulado em sua forma simples e bíblica. Ah, se abríssemos mão de certos caprichos, vaidades, presunção, arrogância, orgulho, farisaísmo, ostentação e viéssemos para a planície. Quanto ganhariamos! E a igreja também! Não generalizo, mas uso a linguagem da inclusão ao pensar que muitos de nós estamos de fato incorrendo nessa gravíssima falha. Sei que o desenvolvimento pessoal é parte do nosso crescimento. Mas considerar tudo o que conquistamos como esterco (tem lá o seu valor) é um dos princípios da vida cristã.

O que está em cena, aqui, não são as nossas conquistas em si mesmas, mas o pedestal, a glória humana, a fantasia, a hipocrisia, o aplauso e a consequente perda de referenciais. Achar que somos tudo, quando, na verdade, nada somos. Ou passar uma falsa humildade, que, no fundo, pretende que as pessoas olhem para nós e digam: "vocês são mesmo os tais!" Esse é o cerne. Quantas vezes pregamos e, ao final, nos sentimos frustrados, quando as pessoas não nos procuram para "elogiar" a nossa pregação! Quantas vezes chegamos de propósito atrasados ao culto para que a assistência nos olhe com admiração e, se não pode falar alto, pelo menos pense ou cochiche: "Está chegando o pregador!" Esse é o ponto.

Infelizmente, trazemos para a nossa realidade da fé um pouco (ou muito?) da herança católica que faz o povo olhar para os seus líderes como infalíveis. Estes, por sua vez, vestimos a farda com muita facilidade. A partir disso, passamos a ser os reis da cocada preta (sem racismo, por favor. Pode ser branca também!). Até na forma de andar, gesticular ou fazer alguns trejeitos, expomos a aura da infalibilidade que tanto massageia o nosso ego. Não conseguimos ser simples, e, se tentamos aparentar simplicidade, fazemos de maneira tão afetada que logo transparece a prepotência. Como neste conhecido bordão: "Fulano é tão humilde que tem orgulho da sua humildade".

Só que a casa cai. Não há arrogância que dure para sempre. De tempos em tempos, para a nossa tristeza (e também aprendizado), surge uma nova notícia, dando conta do fracasso de um líder, que muitos o tinham como o grande referencial e o tratavam, não com o respeito que todos merecem, mas com idolatrada veneração. Podemos chegar a este ponto, quando perdemos os nossos limites. Quando achamos que não temos de prestar contas a ninguém. Quando nos colocamos no pedestal acima dos "simples mortais". Quando não nos reconhecemos como o principal dos pecadores, à semelhança de Paulo. Quando deixamos de olhar as "nossas justiças como trapos da imundícia". Quando achamos que somos maiores do que a graça de Deus. Quando o pecado torna-se apenas um detalhe que não nos importa em nosso dia a dia. Quando, por confiar em nossa autossuficiência, não buscamos ajuda em nossos momentos de fragilidade.

Creio que Deus permite a exposição de alguns dentre nós, trazendo à tona todos os apetrechos escondidos no seu coração, para que o povo perca essa visão "divinizada" da liderança, e nós, que somos tidos em tal condição, possamos humildemente dizer como João Batista: "É necessário que ele cresça e que eu diminua", ou como Paulo: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Ao contemplarmos tais situações, por outro lado, nossa atitude deveria ser a de vestir-nos de sacos e assentar sobre as cinzas para chorar os nossos pecados pessoais e coletivos, orar pela restauração de quem está sendo tratado pelo Senhor e, com inteireza de coração, nos expormos aos braços amoráveis do Pai para deixar de ser sustentados pelas nossas próprias pernas.

Líderes são necessários na igreja desde os primeiros dias do Cristianismo. Atos dos Apóstolos descreve a sua existência. As epístolas tratam de forma clara o assunto. Mas não formam casta especial. Privilegiada. Com alguns galões que possam distingui-los dos demais crentes em sua relação com Deus. Não são pequenos deuses para ser glorificados pelos homens. São modelos, inclusive na fraqueza, para que possam pelo exemplo mostrar aos que lideram, no mesmo nível, que só pela graça - unicamente e apenas pela graça - sem qualquer outro privilégio, podem superar as falhas e buscar a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. E aí todos saberão que ninguém é melhor do que ninguém ou ocupa lugar especial à direita ou a esquerda do trono de Deus.

Somos humanos, fracos, faliveis, necessitados, dependentes, incapazes em nós mesmos, para os quais o Senhor, que enfrentou todas as nossas fraquezas em sua humanidade, pode dizer: "A minha graça te basta".


Fonte: [ Geremias do Couto ]

Via: [ Ministério Batista Beréia ]

Matt Chandler - Desviados

sábado, 13 de novembro de 2010

O Culto que Não Cultua a Deus

Por Pr. José Santana Dória

Por vezes pensamos que não há nenhuma dificuldade ou problema com respeito à liturgia utilizada nos cultos dos nossos dias, pois achamos que tudo aquilo que se está oferecendo a Deus, Ele aceitará, desde que seja feito com sinceridade e zelo. Este falso entendimento mostra que somos uma geração ignorante quanto a forma bíblica de cultuar a Deus.

Não nos ocorre que Deus estabeleceu para o culto coisas que lhe agradam, e explicitou outras que não lhe agradam. Portanto, se quisermos que nosso culto seja aceitável precisamos submetê-lo a revelação divina. Se a Palavra de Deus aprovar, podemos ficar tranqüilos e perseverar em nossa atitude. No entanto, se ela desaprovar, humildemente devemos reconhecer diante de Deus o nosso erro e retornar ao princípio bíblico que Deus estabeleceu. Ele espera isso de todos nós.

Não podemos esquecer, que mesmo quando o verdadeiro Deus é adorado, podem existir problemas que tornam está adoração desagradável e mesmo inaceitável para Ele. Isto é o que podemos chamar de “cultuar de forma errada o Deus verdadeiro ou praticar o culto que não cultua a Deus”. Existem formas de culto que em vez de agradar a Deus o entristece: “as vossas solenidades, a minha alma aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer” (Is.1:14).De acordo com Isaías 1:10-17, a maior queixa contra o povo é que este desobedecia continua e abertamente ao Senhor, mas continuava a lhe oferecer sacrifícios e ofertas, cultuando como se nada tivesse acontecido, como se fosse o povo mais santo da terra. Deus diz que aquilo era abominável (v.13), porque ele não podia “suportar a iniqüidade associada ao ajuntamento solene”.

O povo vinha até a presença de Deus, cultuava mas não mudava de vida. Apresentava-se diante de Deus coberto de pecados e sem arrependimento, pensando, talvez, que bastava cumprir os rituais e tudo estaria resolvido. Esse povo aparentemente participava com animação de todos os trabalhos religiosos, fossem festas, convocações, solenidades etc. E ainda era um povo muito dado à oração. Uma oração altamente emotiva, pois eles “estendiam as mãos” e “multiplicavam as orações” (v.15). Mas Deus disse que em hipótese alguma ouviria, pois eram mãos contaminadas e, certamente, orações vazias. Eram hipócritas.

O culto hipócrita que foi denunciado era causado pelo apego a mera formalidade, aos ritos, sem correspondência interior. Por fora tudo estava correto, mas interiormente essas ações litúrgicas não eram expressões de um coração agradecido. Era por essa razão que aquele culto se tornava uma coisa abominável ao Senhor. Assim o Senhor condenou o povo de Israel pela boca do profeta Isaías, dizendo: “este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu...” (Is.29:13). Ou seja, o que está nos lábios é correto, mas as motivações do coração são erradas. No fundo, todas essas expressões hipócritas não passam de atos mecânicos. São invenções humanas que não se importam com a vontade de Deus. O resultado final, é que o formalismo, associado à corrupção doutrinária, produzira um tremendo desvio do Senhor e um afastamento do verdadeiro culto que devemos a Deus. Infelizmente, esse é o tipo de culto que temos atualmente em grande parte das igrejas cristãs, um culto mecânico que desonra Deus, pois, não demonstra amá-Lo de todo coração, de toda alma, com todas as forças e com todo entendimento (Lc.10:27). Com propriedade, podemos dizer que esse é um culto que não cultua a Deus.

Jamais podemos nos esquecer que qualquer tipo de adoração não serve para Deus. Há maneiras corretas e outras erradas de se adorar a Deus. Convém aprender a maneira correta. Um culto oferecido a Deus de forma hipócrita, sem honrar a palavra, que perverte o uso dos elementos de culto, que é feito de forma mecânica, que não oferece o melhor ou que não vem acompanhado de uma vida santa, não pode agradar a Deus, NEM PODE SER CHAMADO DE UM CULTO QUE CULTUA A DEUS.

Deus não se agrada de tudo o que fazemos supostamente em seu nome, por isso devemos ser obedientes a Ele e descobrir o que realmente lhe agrada. Precisamos evitar procedimentos e costumes que inventamos, por melhores, mais atrativos e práticos que pareçam. Mas a questão final é: onde podemos descobrir a forma de culto que realmente agrada a Deus? A resposta é que esta forma de culto que cultua a Deus, esta na Sua Palavra. A Bíblia é nossa regra de fé e prática, somente nela podemos encontrar o ensino confiável para entendermos o que agrada a Deus. Se a desprezarmos e confiarmos em nossas técnicas modernas, certamente não estaremos honrando aquele que a inspirou e nos entregou para que fosse o meio pelo qual teríamos conhecimento dele.

A Confissão de Fé de Westminster no Capítulo 21, parágrafo 1, diz: “...a maneira aceitável de se cultuar o Deus verdadeiro é aquela instituída por Ele mesmo, e que está bem delimitada por Sua própria vontade revelada, para que Deus não seja adorado de acordo com as imaginações e invenções humanas, nem com as sugestões de Satanás, nem por meio de qualquer representação visível ou qualquer outro modo não prescrito nas Sagradas Escrituras”.
Portanto, podemos concluir afirmando, sem medo de errar, que todas as práticas absurdas encontradas nos cultos dos nossos dias, tais como: palmas para Jesus, apelos, danças, gargalhadas santas, cair no espírito, cuspe santo, cânticos em línguas, urros, amarrar, desamarrar, representações teatrais, curas, libertações, interromper o culto para cumprimentar os irmãos ou visitantes, luzes coloridas etc. se originaram de pessoas que não se deixaram guiar pela Bíblia, mas antes foram atrás de seus próprios raciocínios e de sua própria vontade (praticam o culto da vontade, onde a adoração é uma questão de gosto e conveniência). Se quisermos agradar a Deus nunca podemos negligenciar a Bíblia. A Palavra de Deus é a verdade (Jo.17:17) e obedecê-la é o melhor culto que poderíamos oferecer ao Senhor.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Yago Martins - Carta a um Jovem com Problemas Sexuais

9.11.10
Postado por: Yago Martins

O que segue é um e-mail que recebi de um irmão que estava com problemas sexuais em seu namoro. Logo abaixo vai minha resposta. O texto foi editado para melhor se adequar, retirando certas pessoalidades. Espero que possa ser de utilidade para alguém.

Como eu já te falei, eu tenho 20 anos e faço faculdade. Acontece que há quase dois anos (eu tinha 19), comecei a namorar uma irmã da igreja. Ela é uma moça de Deus, comprometida com o Reino, ama o Senhor e sempre teve um desejo de dedicar-se à obra, como eu - inclusive ela sonha em fazer missões. Todavia, nos últimos dois ou três meses temos sido terrivelmente tentados na área sexual. Alguns dias atrás, fomos parar na porta de um motel, mas acabamos não entrando. E, sinceramente, o motivo de não termos entrado não foi temor ao Senhor (naquele momento eu só queria satisfazer os desejos da minha carne) - foi simplesmente medo, insegurança, afinal nós dois somos virgens. O fato é que, mesmo não tendo consumado a relação sexual, nós fomos muito além do aceitável e estamos ambos arrasados. O pastor de nossa igreja está nos dando todo o apoio, nos disciplinando em amor, nos oferecendo consolo, mas eu estou à beira de desistir. Não é a primeira nem a segunda vez que cedemos às tentações dessa maneira. Eu me sinto completamente enojado em relação à minha própria vida, em relação ao meu pecado, mas, ao mesmo tempo, não sinto forças para continuar combatendo-o. Estou renunciando a todos os compromissos que tinha com a obra em nossa igreja, pois me sinto desqualificado, reprovado para o ministério. O trabalho ministerial é muito abençoado, não posso servir vivendo da forma como estou. Peço oração e ajuda. Eu não sei o que está acontecendo comigo, não sei como tenho retrocedido tanto depois de experimentar tantas coisas maravilhosas da parte do Senhor. Tenho questionado a minha própria salvação, pois como um nascido de novo pode viver de forma tão podre? E esse questionamento está me consumindo. Gostaria de poder me casar, como Paulo ordena àqueles que não podem se conter, e estou me organizando para isso. Mas sou apenas estagiário, e minha família não é cristã e não apóia a idéia. Ou seja, não sei mesmo o que fazer. Nesse momento, tudo o que eu quero é força para não desistir.

Resposta

Meu irmão,

Seu desabafo muito me comove. Pedro foi mesmo sábio quando, ao aconselhar os jovens, declarou: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo" (II Pe 5:8,9). Eu também sou um jovem (tenho 18 anos), também namoro a mesma garota faz tempo (desde os 15 anos), também somos virgens e também já passamos de muitos limites. Logo, só posso concordar com Pedro: as mesmas aflições se cumprem entre os irmãos de todo o mundo. Nosso adversário ruge ao nosso redor tentando tragar-nos com nossas próprias paixões. Eu passava por problemas muito parecidos com o seu. Hoje, essas lutas são muito mais amenas e raras, mas, antes, a derrota era constante e devastadora. Saiba: eu conheço muito bem o seu problema, já o sofri intensamente e quase todo irmão que tem nossa idade passa ou já passou por problemas no mínimo muito parecidos.


Sabe, eu sou uma criança, assim como você. Um homem, e não um garoto, deveria estar te aconselhando aqui. Fico feliz que seu pastor esteja te dando apoio, consolo e disciplina amorosa. Ame este homem e agarre-se nele o máximo possível. Freqüente a casa dele, ore com ele, cresça com ele, amadureça com ele. “O que anda com os sábios ficará sábio, mas o companheiro dos tolos será destruído” (Pv 13:20). Encontre homens que amem a Cristo, amem a Escritura e amem a Santidade. Ande o máximo com eles, pois te ensinarão sobre como ser um homem bíblico. Seu pastor e bons amigos serão peças importantes para te dar força neste momento de luta.

Amigo, primeiramente, não desista. Você não está sozinho em sua luta. É Deus quem opera em nós tanto o querer como o realizar em nossa santificação (Fp 2:12,13). É Ele que nos dá força e nos faz andar de acordo com a Verdade. Clame desesperadamente ao que pode te santificar. Como disse Al Martin, Fé salvadora é o arremesso desesperado de uma alma desesperada nos braços de um Todo-Poderoso Salvador. Arremesse-se a Cristo. Lance-se n’Ele. Você não pode fazer nada só. Você precisa esmurrar seu corpo e fazer dele seu escravo (I Co 9:27), mas você não conseguirá sem jogar-se confiante e desesperado nos braços de Cristo.

Quando minha luta contra esse pecado era mais intensa, eu pude listar uns poucos conselhos bíblicos. Creio que te servirão:

Seja apaixonado por Jesus. Deus não retira de nós as paixões pelo mundo quando clamamos a Ele, Deus nos oferece uma paixão maior. Não deixamos de possuir "paixões da mocidade" (II Tm 2:22) quando cremos em Cristo, mas a paixão por Jesus deve arder tão forte em nós que as outras paixões são ignoradas e mortificadas. Busque Cristo nas Escrituras, veja boas pregações e ore bastante. O Fogo por Deus deve estar aceso no seu coração. Ainda que você esteja fraco, "[Ele] não... apagará o pavio que fumega" (Is 42:3).

Lembre que você é um peregrino. Pedro, em sua primeira carta (2:11), nos diz que devemos abster-nos dos desejos da carne que fazem guerra contra nossa alma. Ele deixa claro que fala isso "como a peregrinos e forasteiros". Precisamos tomar posse desta consciência de que não pertencemos a essa terra. Não devemos olhar para esse mundo como nosso. O sexo, a masturbação, a pornografia são coisas passageiras e terrenas. Há um prazer e uma alegria muito mais profunda e duradoura nos céus. Olhe para o alto: lá é a sua terra, não aqui. Livre-se de bobagens e futilidades terrenas. Ponha sua mente e seu coração no que vem de Deus.

Fuja! Imagine essa cena: “Você é um lutador e seu mestre está falando sobre seus adversários. Ele diz: está vendo aquele homem? Lute contra ele. Está vendo aquele outro? Resista contra ele. Agora, sobre aquele terceiro ali, não chegue nem perto. Fuja dele! Fuja!”. Nesta analogia, vemos uma verdade bíblica muito importante. Em Efésios 6:10-12 somos ordenados a resistir ao diabo. Em Tiago 4:7 somos, também, ensinados a resistir a Satanás. Já em II Timóteo 2:22 somos ordenados a fugir das paixões da mocidade. Sobre este ponto, Paul Washer diz que “isto demonstra que a paixão da sua carne e a sensualidade desenfreada da sua cultura é mais perigosa do que uma batalha face a face com o diabo”. Washer continua:

“Eu conheço inúmeros jovens cristãos que demonstraram evidências genuínas de conversão, e ainda assim ao entrar em uma relação com o sexo oposto, eles caíram em imoralidade. Eu sei que eles memorizam as Sagradas Escrituras, oram, e até jejuam para serem puros na sua relação, e mesmo assim eles caíram. Por quê? Porque eles não entenderam que todas as disciplinas espirituais das Sagradas Escrituras não poderiam salvá-los das paixões da juventude. Eles tentavam lutar uma batalha enquanto Deus os ordenou a fugir. Resumindo: Você não pode ficar sozinho em um relacionamento com uma pessoa do sexo oposto durante um período extenso de tempo sem cair. Por isso, vocês nunca devem ficar sozinhos em uma casa, carro, ou qualquer outro lugar onde a luxúria e os desejos podem ser acesos e o fracasso é certo.”

Fugir foi a maior ferramenta de santificação de Deus na minha vida. Ficar sem beijar minha namorada, não estar sozinho com ela, praticamente só namorar por telefone e em locais bastantes públicos foram modos que usamos para fugir de nossos desejos. Fuja também. Não ache que você terá forças para resistir. A melhor forma de lutar, neste caso, é fugindo. Funcionou comigo, funcionou com outros cristãos, peço a Deus que funcione com você.

Ocupe-se com o Reino. Temos o péssimo costume de abandonar todas as nossas atividades onde nos congregamos quando estamos caindo constantemente no mesmo pecado. Não faça isso. Continue servindo aos seus irmãos como você servia antes. Se possível, sirva até mais. Isso vai te deixar ocupado e te impedirá de gastar seu tempo com o que é vão. Não desperdice sua juventude, gaste-se na Obra de Deus. Os dias que você tirava para namorar, tire agora para evangelizar junto de sua namorada. Eu sei, será super desgastante e você vai ter a sensação que está se distanciando de quem você ama. Eu senti isso no começo, mas, na verdade, vocês estarão crescendo na graça de Deus e fortalecendo a união de vocês. Procure ministérios de evangelismo, traduza textos, freqüente pequenos grupos que sejam realmente bíblicos, pregue nas ruas, leia as Escrituras. Viva de um modo que você possa, daqui a alguns anos, olhar para traz no tempo e dizer: para o mundo, eu joguei minha juventude fora; mas para Deus, eu estava mais vivo que qualquer outro.

Confie que Cristo te dará forças. Vou deixar apenas Deus falar neste ponto, Ele se expressa melhor que eu: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp 1:6). “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo (I Pe 1:5-7). “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” (Jo 10:29). “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória...” (Jd 24). “Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (II Tm 1:12).

Case. Paulo disse que “... se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se [ou arder em desejo]“ (1 Co 7:9). Planeje-se para seu casamento. Abra mão de um mestrado para poder casar logo. Transfira seu curso para a noite para poder trabalhar durante o dia. Você conhece sua rotina e seus planos, analise-os com cuidado e se planeje, junto com sua namorada, para casar. Hoje em dia, criamos um milhão de dificuldades para adiar o casamento. Claro que é um passo importantíssimo na nossa vida, mas acabamos procrastinando demasiadamente o matrimonio. Eu, por exemplo, só pretendo fazer meu mestrado depois de algum tempo de casado e se eu conseguir bolsa pra tal, com isso, posso casar-me alguns anos mais cedo. Olhe para sua vida, converse com sua namorada e vejam o que pode ser feito. Claro, ore bastante sobre tudo. “O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR” (Pv 16:1).

Foras essas dicas bíblicas, eu possuo algumas dicas práticas que funcionaram comigo e com outros irmãos. Todas elas foram vividas por mim e, graças a Deus, funcionaram. Aconselhei sobre isso para alguns amigos e funcionou com eles também. Oro a Deus que funcione com você:

Abra mão do beijo. Simplesmente não beije. Parece duro, mas depois de um tempo você vai ver como é abençoador. O beijo não é pecado, mas pode levar ao pecado, como quase tudo na vida. Como você está fraco, é bom cortar de vez o beijo. Eu e minha namorada não conseguimos instantaneamente, logo, começamos a namorar apenas por telefone (o que foi complicado para nós, já que somos vizinhos). Isso, além de livrar de pecados, vai ajudá-los e tornar a união de vocês mais forte.

Tenha casais amigos. Nada melhor do que possuir amigos que também namoram ou são casados. Cristãos, preferencialmente. Vocês poderão sempre sair juntos para algum restaurante ou para o cinema, etc. Eu e minha namorada temos dois casais de amigos cristãos e é ótimo sairmos juntos. E o melhor, você não precisa abrir mão de momentos românticos por estar em grupo. Os casais só precisam se separar um pouco para ter um momento de intimidade. Mas lembre, no começo, é bom maneirar em ficar sozinho com a namorada.

Orem juntos. Disciplina de oração é ótimo para a vida cristã e para o seu relacionamento. Encontrem grupos de oração ou irmãos dispostos a orar com vocês. Cuidado: nada de ficarem sozinhos para orar, o pecado está a porta! Sempre orem em comunhão com outros crentes.

Conversem sobre coisas do alto. Namorados precisam conversar, claro. Mas muitas vezes as conversas são fúteis e tolas. Adquiriam a rotina de ler sempre as Escrituras, bons livros e ver boas pregações. Não só isso, mas conversem sobre o que aprenderam. O pecado perderá força contra vocês naturalmente, pois estarão sendo santificados pela Palavra de Deus em seus corações.

Claro, tudo isso é uma luta. Uma verdadeira guerra. Não é nada fácil. Às vezes, na guerra contra o pecado, precisamos resistir ao extremo de derramar o próprio sangue (Hb 12:4). Se nada funcionar, e que Deus repreenda isso, esteja disposto a arrancar olhos, mãos e pernas (Mt 5:29). Se preciso for, acabe com seu namoro. É melhor entrar solteiro no céu do que casado no inferno. Essa não é a escolha primária. Lute contra seu pecado. Mas se nada, mesmo com toda a luta do mundo, funcionar, medidas drásticas precisam ser tomadas.

Para finalizar, lembre-se: sentir sujo, nojento, pecador e depravado por conta de nosso pecado, até certo ponto, é algo bom, pois revela nossa tristeza com nossos erros e evidência nossa regeneração. Agora, isso não deve nos parar e roubar nossa alegria em Cristo. Davi, quando pecou sexualmente, escreveu um salmo a Deus e disse o seguinte: "Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário" (Sl 51:12). Ore para que você alegre-se novamente diante da obra de Cristo por um depravado como você. Quão maus nos somos, e quão bom Cristo é!
Pro
Você está, desde já, em minhas orações. Clamo a Deus que Ele te dê forças assim como Ele tem me dado. Depois de quase dois anos praticamente só de fracasso, Deus me deu forças para lutar. Saiba: na força de Deus, é possível vencer qualquer pecado. Cristo já os derrotou na cruz, nossa vitória é certa, n’Ele venceremos.

domingo, 7 de novembro de 2010

Deixando de Brincadeira

Estava participando de um evento jovem um dia desses, e durante o intervalo, conectei a internet e li essa mensagem. Então um dos líderes e preletor de tal evento começou a palestrar (pois não tinha como achar que aquilo era pregação) então pensei comigo "Quando é que esses líderes acordarão deste pesadelo?".

Leia o texto abaixo e veja se em algum momento você já esteve nesta situação?



Por Avelar Jr


Conheço um genuíno servo de Cristo. Uma pessoa que realmente se preocupa com as coisas de Deus e com a vontade dele em sua vida. Conversamos bastante. Ele havia sido muito religioso, fanático, bem visto em seu meio, prestigiado e popular —um líder. O problema é que o meio que o acolhia tão bem era fanático, herético, frenético, ávido por novidades e estrelas ministeriais e despido de conhecimento de Deus e de sua palavra. Eles se moldavam um ao outro: cegos guiados por cegos andando para o abismo.

Com o tempo, Deus abriu seus olhos. Ele percebeu que estava num pedestal de glória humana, cheio de religião e sensações mas vazio de verdade. Vestiram-lhe a fantasia de super-herói. E ele se deixou vestir e dominar pelo personagem, pela máscara e pela canção da roda. Ao contemplar a verdade, sua atitude mudou. Tornou-se discípulo, aprendiz e encontrou seu lugar de servo.

Findaram-se sua liderança, seu programa de rádio, seu sucesso ministerial. Pagaram-lhe com preconceito, ingratidão, incompreensão e ostracismo. Mas que importa? O Dia das Bruxas passou! Deus mudou-o de sua máscara e de seus trajes espalhafatosos que faziam a alegria dos meninos em uma completa novidade de vida, nunca antes experimentada. E o que antes era noite de “gostosuras e travessuras” deu lugar à dura carteira do discipulado diário do Mestre Jesus.

E ele às vezes se sentia triste e se perguntava: Onde está aquele calor que eu sentia? Onde as emoções arrebatadoras? Por que tudo parece tão frio e distante? Os aplausos, os cumprimentos, o assédio, a euforia, os folguedos... Num momento tudo se calou na simplicidade e na calmaria do úmido alvorecer.

Começar cada manhã parecia trabalhoso (— Só mais cinco minutos, por favor!). Agora levantava sozinho para ir à escola. E já não tinha mais consigo aqueles cuja noite de Dia das Bruxas não tem fim, que se contentavam em brincar com suas fantasias, com suas roupas de mentiras, esperando ganhar doces por se vestirem delas.

Mas ele sabia que, embora fosse difícil acreditar, não estava só. Pois seu Mestre lhe sorria no oculto e lhe oferecia um pouco de sua companhia em cada momento, em cada brisa, em cada canto de pássaro, em cada nota musical, mesmo no silêncio; na brisa refrescante e em cada flor que coloria e perfumava o caminho. Era difícil se desembriagar, se desacostumar, quando tudo agora parecia tão simples e tão diferente, tão menos óbvio. Era triste não sentir o sabor daquilo que parecia doce mas que era apenas uma brincadeira de menino.

Estava acostumado a pensar que vivia a mil por hora quando, na verdade, nunca havia saído do lugar. Enxergar e deixar de brincadeira faz mesmo muita diferença.

Avelar Jr é colunista no Púlpito Cristão
http://www.pulpitocristao.com